Estrutura que será oficializada hoje pelo governo deverá apurar atividades paramilitares na região do cone sul
Apesar de ser um órgão ligado ao governador de Rio Grande do Sul e que terá seus cinco representantes escolhidos diretamente por Tarso Genro, a Comissão Estadual da Verdade terá “autonomia total” em relação a fatos e métodos de investigação sobre episódios envolvendo o regime militar que vigorou entre 1964 e 1985 no país. A comissão será criada oficialmente hoje.
O assessor especial do governador Tarso Genro, João Victor Domingues, disse que o grupo terá autonomia inclusive para demandar a comissão nacional que apura os mesmos fatos em âmbito federal. “Como somos um Estado de fronteira que conviveu com outros regimes autoritários, é natural que fatos como a Operação Condor e o sequestro dos uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Diaz sejam investigados”, disse.
A comissão terá cinco integrantes, escolhidos seguindo três critérios: reputação ilibada, histórico de luta pelos direitos humanos e compromisso com a democracia. O grupo terá apoio logístico de quatro funcionários públicos, ligados à Casa Civil, à Ouvidoria e à secretaria de Segurança Pública e à secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Não haverá remuneração, mas as despesas pessoais dos integrantes serão ressarcidas pelo governo.
Sem vínculo partidário
O conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Estado, Jair Krischke, elogiou a criação da comissão, mas lembrou que instituições como USP, OAB/RJ e governo de Pernambuco já estão com apurações avançadas.
“Não pode é fazer uma estrutura para concorrer com a comissão nacional”, recomendou. Ele também disse que os integrantes, que serão escolhidos num prazo máximo de 15 dias, não devem ter vinculação partidária.
Fonte – Band