EM NOME DA VERDADE

“A verdade jamais é pura e raramente simples”. Este pensamento não é meu, é de Oscar Wilde. Mas bem que poderia ser meu. Foi exatamente o que imaginei no transcorrer da recente audiência pública da Comissão Nacional da Verdade, ocorrida na Ajuris em Porto Alegre. Ao encaminhar a requisição formal em nome de minha família, detalhando os caminhos e informações na busca da elucidação definitiva da morte de meu avô, lembrei-me do meu nascimento no exílio, longe da minha Pátria, em razão da severa perseguição política. Pensei no cinqüentenário de sua inconstitucional deposição pelo golpe civil-militar de 1964. Recordei também que alguém me disse um dia: o mundo dá voltas…

Há uma dúvida no ar. Dúvida esta que vai muito além da forte suspeita de um assassinato físico. Dúvida que recai sobre a verdadeira motivação da eliminação de um imenso legado político. Podemos até ressalvar aqueles que não conhecem a verdade, mas não há como absolver quem a conhece e diz que é mentira. Muita gente sabe exatamente aonde meu avô queria chegar com as Reformas de Base, as reformas do Estado brasileiro. Sabem, mas não admitem. Mentem a verdade. São criminosos!

Acontece que, verdade seja dita, depois do Presidente João Goulart, jamais este país teve uma agenda de verdadeiras transformações sociais, políticas e econômicas. Há um manto de silencio proposital ainda imperando sobre esta realidade. Porém, aqui vai uma advertência aos que calam: de nada serviu a truculência, força, dedos em riste e pau de arara. Porque a verdade é filha do tempo, não da autoridade. E o tempo está chegando. Como já disse Winston Churchill “a verdade é inconvertível, a malícia pode atacá-la, a ignorância pode zombar dela, mas no fim; lá está ela”.

 

Por Christopher Goulart – Vice-presidente da FASC e diretor do IPG, Instituto Presidente João Goulart

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