Pernambucana relata em livro drama vivido durante regime militar no Recife

Na publicação, Sylvia de Montarroyos narra tortura vivenciada em quartéis. ‘Réquiem por Tatiana’ é o primeiro livro de uma trilogia sobre sua vida.

Sylvia de Montarroyos foi presa em 2 de novembro de 1964 (Foto: Divulgação/Réquiem por Tatiana)

 


Presa política durante o regime militar, Sylvia de Montarroyos, lança nesta quinta (5), no Museu do Estado, no Recife, o livro de memórias “Réquiem por Tatiana”. Em 1964, aos 17 anos, a autora foi presa por pertencer a um movimento de resistência. Montarroyos conseguiu escapar, mas foi recapturada e torturada por não denunciar seus companheiros.

O drama vivido pela ativista é relatado nas mais de 400 páginas do livro, primeiro volume da “Trilogia da América Latina”. Os próximos são “Tempestade em Tegucigalpa” e “Vagas Estrelas da Ursa Maior”, com o segundo já tendo sido concluído pela autora e o terceiro ainda sendo escrito. Ambos não têm data de publicação definida. Segundo Sylvia, Réquiem relata suas memórias desde 2 de novembro de 1964, quando foi presa, até o momento que saiu do Brasil, quase dois anos depois.

“Durante este tempo, fui brutalmente torturada em vários quartéis de Pernambuco e cheguei a ser internada no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, que na época era Hospital da Tamarineira, onde fiquei por cerca de 10 meses. Cheguei lá pesando 23 quilos. O tratamento da época era à base de choques elétricos e drogas, mas mesmo assim consegui me recuperar um pouco. Então fui para a casa dos meus pais, mas fiquei só uma semana lá, pois os militares expediram mais um mandato de prisão. Fugi do Recife, passei um tempo no Rio de Janeiro e em São Paulo e, depois, fui para o Uruguai”, relatou Sylvia de Montarroyos.

A autora ainda disse que escreve praticamente desde os 3 anos, pois contava histórias para sua mãe e ela anotava tudo, até que Sylvia aprendeu a escrever por conta própria. Como tem uma relação de amizade com as pessoas da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder, aceitou a proposta de escrever uma narrativa sobre o período do regime. O título, “Réquiem por Tatiana”, foi escolhido porque esse era o codinome que ela usava enquanto era torturada.

Sylvia de Montarroyos atualmente mora em Portugal, mas já passou pela França, Bruxelas, Uruguai, Argentina, México e Iraque, onde atuou como psicóloga voluntária. A militante fica no Brasil até a próxima terça-feira (10). Na segunda (9), às 9h, participa de uma sessão pública na Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco, no Campus da UFPE, onde irá contar sua história e responder perguntas.

 

Serviço:
Lançamento “Réquiem por Tatiana”, de Sylvia de Montarroyos (456 páginas, R$ 60)
Museu do Estado de Pernambuco – Av. Rui Barbosa, nº 960, Graças
Informações: (81) 3184-3170/ 3184-3178

 

Fonte – G1

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