Amodio Pérez é apontado por seus antigos companheiros da guerrilha como o desertor que, depois de ter sido preso em 1972, deu informações às Forças Armadas sobre a organização em troca da obtenção de uma saída segura do país.
Amodio Pérez organizou a base de dados de guerrilheiros em poder dos militares e teria indicado a localização da “Prisão do Povo”, um local clandestino usado pelos tupamaros como centro de reclusão.
O condenado, que nega as acusações, deixou o Uruguai há 40 anos e se estabeleceu na Espanha sob uma identidade falsa fornecida pelas Forças Armadas, mas retornou em agosto ao país e foi convocado pela Justiça sob uma causa apresentada por mulheres violentadas na ditadura que o implicariam.
A ditadura militar que governou o Uruguai entre 1973 e 1985 deixou 200 desaparecidos e milhares de pessoas torturadas, entre as quais o próprio Mujica e outras figuras que viraram autoridades governamentais com a chegada da esquerda ao poder, em 2005.
Com base em depoimentos e interrogatórios, o juiz encarregado do caso atendeu ao pedido do Ministério Público e determinou a prisão de Amodio Pérez como “autor responsável de reiterados delitos de privação de liberdade agravados especialmente em regime de reiteração real entre si”, de acordo com a resolução.
A defesa do acusado disse que vai apelar da decisão e considerou que o crime teria sido prescrito por ter passado mais de 20 anos. No entanto, a Justiça advertiu que essa explicação não se aplica, porque trata-se de um crime contra a humanidade.
Mujica e outros antigos líderes tupamaros, incluindo o atual ministro da Defesa, Eleuterio Fernández Huidobro, testemunharam neste processo.
Fonte – Reuters/R7 – Malena Castaldi