Manifesto “Em nome da verdade” completa 42 anos

Foi no dia 6 de janeiro de 1976, há exatos 42 anos, que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo encaminhou à Justiça Militar o manifesto “Em nome da verdade”, que contestava a versão oficial de que Vladimir Herzog havia se suicidado dentro da cela do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-CODI.

Subscrito por 1.004 jornalistas, o documento constituiu a primeira vez, naquele período de forte censura e repressão, em que se ousava contestar publicamente a versão de suicídio e reclamar a completa elucidação dos fatos.

A repercussão do corajoso manifesto foi um importante marco na resistência à ditadura militar, ao repudiar publicamente o Inquérito Policial Militar (IPM) concluído pelo Exército.

Audálio Dantas, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo na época, contextualiza este grande ato de bravura dos mais de mil jornalistas que concordaram em assinar o documento em plena época de repressão militar: “Cada assinatura constante daquele documento expressava um gesto de coragem: todos sabiam que o seu conteúdo, uma clara contestação à mentira oficial, poderia levar a represálias. E ninguém duvidava de que o texto, com as assinaturas, seria publicado. E como havia dúvida de que os jornais o publicariam, os signatários contribuíam com dinheiro para custear uma eventual publicação como matéria paga. Ou seja, pagavam para correr um risco”.

De fato, nenhum jornal publicou como notícia a íntegra do documento produzido pelos jornalistas indicando minuciosamente e denunciando as falhas do IPM. Com o dinheiro arrecadado, o abaixo-assinado foi publicado como matéria paga no jornal “O Estado de S. Paulo” em 3 de Fevereiro de 1976, com o texto e a lista completa dos 1.004 jornalistas que o subscreviam.

Para ver a íntegra do manifesto, acesse: http://bit.ly/2m0jNRR

Em breve, a Praça Memorial Vladimir Herzog, no centro da cidade de São Paulo, receberá uma transcrição do documento histórico, com texto e assinaturas. No local, hoje já é possível encontrar um mosaico que reproduz a obra “25 de outubro”, do artista plástico Elifas Andreato, assim como a escultura “Vlado Vitorioso”, versão ampliada por Giusepe Bôsica do conceito de Andreato.

FONTE – INSTITUTO  VLADIMIR HERZOG