Relatos de tortura: Senado pedirá acesso a áudios inéditos da ditadura

seg., 18 de abril de 2022 8:52

A Comissão de Direitos Humanos do Senado vai pedir acesso a áudios de julgamentos do STM (Superior Tribunal Militar) em que ministros admitem a prática de tortura que ocorreram durante a Ditadura Militar (1964-7985). As gravações inéditas da época mostram os ministros militares e civis tecendo comentários sobre casos de tortura que ocorreram durante aquele período.

Para o presidente da comissão, senador Humberto Costa (PT-PE), a exposição dessas falas é uma peça importante para se entender o papel do Estado brasileiro durante o regime.

O senador publicou em sua conta no Twitter, neste domingo (17), que o colegiado tomará “as devidas providências” depois de ter acesso aos áudios. A comissão tem reunião marcada para esta segunda-feira (18) às 14h.

“Essas revelações mostram que o trabalho com o nosso passado mal começou. A Comissão da Verdade foi um grande passo. Mas há ainda um enorme caminho a percorrer. Por isso, a Comissão de Direitos Humanos do Senado pedirá acesso aos áudios e tomará as devidas providências,” disse o presidente na rede social.

Parte das gravações foi divulgada neste domingo (17) pela colunista do GLOBO Miriam Leitão, em seu blog no jornal, que teve acesso ao material que vem sendo estudado pelo historiador da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Carlos Fico. Os áudios somam 10.00 horas.

Nos registros, é possível ouvir alguns ministros, como o brigadeiro Faber Cintra, duvidando dos relatos de tortura. Outros, como o general Rodrigo Octávio, solicitam apuração dos casos.

Há relatos de tortura com marteladas e choques elétricos, inclusive a mulheres grávidas, e em seus órgãos genitais.

Alguns dos ministros aceitam quando as acusações são contra o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão do governo brasileiro da época. Outros, como o general Augusto Fragoso, reagem quando os processos acusam as Forças Armadas.


 

Áudios do STM expõem relatos de tortura na ditadura, diz jornal

dom., 17 de abril de 2022 5:38 PM

 

  • Áudios gravados de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) do período entre 1975 e 1985 divulgados neste domingo (17) expõem casos de tortura durante ditadura;
  • Os áudios inéditos, que somam 10 mil horas de gravações, permitem ouvir sete ministros da época debatendo sobre as torturas;
  • Nas gravações, que ainda não foram completamente divulgadas, as opiniões dos membros do governo sobre as torturas não são unânimes.

Áudios gravados de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) do período entre 1975 e 1985 divulgados neste domingo (17) pela jornalista Miriam Leitão, do jornal ‘O Globo’, revelam informações sobre torturas durante a ditadura militar.

As gravações, que somam o total de 10 mil horas, e permitem ouvir sete ministros da época debatendo sobre os casos, foram obtidas e analisadas pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os ministros presentes nos áudios são Rodrigo Octávio, Augusto Fragoso, Júlio de Sá Bierrenbach, Waldemar Torres de Costa, Deoclécio Lima de Siqueira, Amarílio Lopes Salgado e Faber Cintra.

Nas gravações, que ainda não foram completamente divulgadas, as opiniões dos membros do governo sobre os casos de tortura não são unânimes.

Uma parte concorda que as denúncias têm de ser apuradas, enquanto outra parcela questiona a palavra dos acusados.

Em uma gravação de sessão de 1976, o almirante Júlio de Sá Bierrenbach afirma que a tortura é inadmissível, e que, portanto, não se pode “admitir que o homem, depois de preso, tenha a sua integridade física atingida por indivíduos covardes, na maioria das vezes, de pior caráter que o encarcerado”.

Já o brigadeiro Faber Cintra diz em áudio de 1978 que não se deve ir contra a dignidade do exercício policial “sem o menor resquício de elemento probatório, confiando pura e simplesmente na palavra dos acusados”.

Carlos Fico disse ao portal G1 que analisa os áudios desde 2018, e que atualmente está na metade do processo, ou seja, no período entre 1975 e 1979.

 

Fonte – Yahoo Notícias