Entre a noite de quinta (10) e a noite deste sábado (12), ao menos dez pessoas ficaram feridas, a maioria em Santiago, e 52 foram detidas em distúrbios com a polícia durante atos que lembraram o golpe militar.Em um acontecimento inédito, a marcha deste domingo -que lembrou os 42 anos do golpe militar que instalou a ditadura- terminou em um cemitério que abriga um memorial aos desaparecidos e mortos pelo regime ditatorial.
“A ferida segue aberta, porque a verdade não está contada e não foi feita justiça”, disse à agência AFP Tania Núñez, 53, que participou da manifestação carregando uma foto de um dos mais de 3.200 assassinados pela ditadura.Com a voz de Allende saindo de alto-falantes, milhares de pessoas, dançando ao som de tambores, cruzaram o palácio La Moneda para começar uma caminhada de vários quilômetros.
Ao longo do caminho, o descontentamento contra a prisão de Punta Peuco -localizada a 50 km de Santiago e que abriga uma centena de ex-membros das Forças Armadas condenados por torturas, sequestros e mortes- foi sentido através dos cantos, cartazes e comentários entre os participantes.
O governo da socialista Michelle Bachelet -que atravessa seu nível mais baixo de aprovação, com 22%- reiterou no sábado que está avaliando um possível fechamento da prisão, embora tenha negado que existam privilégios no centro de reclusão.Na sexta-feira, Bachelet destacou que 42 anos após o golpe que “devastou” o país ainda resta uma dívida pendente e que faltam “verdades a conhecer e justiça por aplicar”.
Diante do imenso memorial com milhares de nomes daqueles que foram mortos pela repressão militar, os familiares depositaram cravos.
A poucos metros dali foram registrados violentos confrontos que terminaram com a polícia lançando água e gases nos manifestantes.
A sangrenta ditadura de Pinochet deixou mais de 3.200 mortos e cerca de 38 mil torturados.
VIOLADOR MORTO
Na sexta-feira, dia em que o golpe militar no Chile completou 42 anos, morreu Marcelo Moren Brito, 80, uma das principais figuras da temida polícia política da ditadura de Pinochet, a Dina.Brito teve participação comprovada em emblemáticos crimes, incluindo na Caravana da Morte, viagem de extermínio que percorreu o país e que deixou dezenas de mortos.
O ex-coronel estava condenado a mais de 300 anos por violação dos direitos humanos e cumpria sua condenação na prisão de Punta Peuco
Fonte – Folhapress