Comissão da Verdade buscará reconciliação, e não vingança

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse neste domingo estar otimista com a instauração da Comissão da Verdade, criada para investigar violações aos direitos humanos durante a ditadura militar.

Segundo ele, que participará, quarta-feira (16), da cerimônia de posse dos membros da comissão, em Brasília, o objetivo não é buscar vingança, mas sim a verdade e a reconciliação.

Fernando Henrique comparou a comissão brasileira ao grupo “The Elders”, criado pelo líder sul-africano Nelson Mandela em 2007 com o objetivo de debater soluções para problemas mundiais, do qual ele próprio faz parte.

“A Comissão da Verdade foi criada com o mesmo espírito do que foi feito por Mandela, ao criar os Elders na África do Sul. Será uma busca por verdade e reconciliação, não vingança”, disse.

Segundo ele, o convite da presidente Dilma Rousseff para que os ex-presidentes brasileiros participem da posse na próxima quarta-feira dá à comissão a conotação de uma ação de Estado.

Perguntado sobre a possibilidade de convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos, o ex-presidente disse que essa seria uma decisão equivocada.

“Ele participou das investigações. Portanto, a convocação não faz sentido”, respondeu Fernando Henrique.

 

Prêmio Kluge destaca obra acadêmica

Pelo conjunto de sua obra, Fernando Henrique Cardoso foi agraciado com o Prêmio Kluge da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. O anúncio da premiação foi feito neste domingo. É a primeira vez que um brasileiro vence o Kluge. Criado em 2003, o prêmio é considerado o Nobel da área de humanidades.

O Prêmio Kluge já foi concedido a Leszek Kolakowski (2003), a Jaroslav Pelikan e Paul Ricoeur (2004), a John Hope Franklin e Yu Ying-shih (2006), e a Peter Lamont Brown e Romila Thapar (2008). Além do prestígio, o Kluge rende aos ganhadores US$ 1 milhão.

O ex-presidente contou que soube, há uma semana, que era o ganhador deste ano. E que foi surpreendido pela notícia, pois não sabia que estava entre os indicados. Desta vez, o ex-presidente foi o único vencedor, ao contrário de anos anteriores, quando a Biblioteca do Congresso Americano preferiu dividir o prêmio entre dois pensadores.

“Foi como receber um raio de sol num dia de chuva. É um prêmio de prestígio, e é sempre muito bom ser reconhecido. O que mais me deixou contente é que esta é uma premiação que privilegia trabalhos acadêmicos que tenham impacto na vida prática”, comemorou, contando que a premiação será em 10 de julho, numa cerimônia em Washington.

Sobre o discurso que fará ao receber o prêmio, Fernando Henrique adiantou que planeja enfatizar exclusivamente a sua vida acadêmica.

“Política é sempre discutível”, explicou, dizendo que ainda não sabe o que fará com o dinheiro da premiação. “nessa altura da minha vida, o que vale mesmo é o reconhecimento. Minha família deve ficar muito mais contente do que eu com o dinheiro. Nunca recebi uma bolada tão grande como essa de uma só vez.”

 

Fonte –  Agência O Globo

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