Colina foi dizimada

No período em que Gabriel (Ângelo Pezzuti) estava preso e tentava estabelecer contato com Mônica (Oroslinda) e com Estela (Dilma), no início de 1970, a hoje presidente da República já havia deixado a organização de esquerda conhecida como Colina. Sabe-se que, no fim de 1969, o grupo seria praticamente dizimado, com a prisão, a tortura e a perseguição de militantes em Belo Horizonte.

No carnaval de 1969, a Colina já havia sido fundida com a VPR e Estela passaria a adotar o codinome de Vanda. Antes disso, em uma fase de transição para a criação do novo grupo, Colina e VPR foram provisoriamente batizados de Ó Pontinho. “Ainda vai ser necessário mais tempo para que essa história bonita de luta seja entendida sem paixão”, compara José Francisco da Silva, que era secretário adjunto de Direitos Humanos na época e foi responsável por enviar a jovem equipe à capital gaúcha.

Dilma continua contando a história do Brasil depois de 31 de março de 1964, data do golpe militar. “Em Minas, fiquei só com a Terezinha. Um dia, a gente estava nessa cela, sem vidro. Eis que entra uma bomba de gás lacrimogênio, pois estavam treinando lá fora. Eu e Terezinha ficamos queimadas nas mucosas”, continua a presidente. No movimento de esquerda de BH, onde Dilma militava, não há registros conhecidos da participação de uma Terezinha.

E quanto ao estudante da Faculdade de Medicina da UFMG Ângelo Pezzuti, dirigente do Colina? Segundo o grupo Tortura Nunca Mais, ele foi banido do país em 1970, trocado com outros 39 companheiros, inclusive o irmão Murilo Pezzuti, pelo embaixador alemão. Em 1971, encontrou-se no Chile com sua mãe, Carmela Pezzuti, também banida do Brasil por suas atuações políticas. Com o golpe chileno, Ângelo foi para o Panamá e depois para a França, onde morreria em Paris, em 1974, em um acidente de motocicleta. (SK)

 

Fonte – Correio Braziliense

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