No Recife, filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benario lança livro sobre o pai

No lançamento às 19h, Anita Prestes vai participar de um debate. Professora da UFRJ diz que livro é baseado em fatos documentados.


A historiadora e professora Anita Leocádia Prestes, filha do revolucionário Luiz Carlos Prestes e da militante alemã Olga Benário, lança nesta quinta-feira (21) o seu mais novo livro, que fala sobre a vida do pai após se dissociar do Partido Comunista do Brasil (PCB). ‘Luiz Carlos Prestes: O combate por um partido revolucionário (1958 – 1990)’ é uma bibliografia realizada com o apoio do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia dePernambuco (Crea-PE).

Em coletiva de imprensa na sede do Conselho, a autora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) falou sobre a vida do seu pai, suas conquistas e posicionamentos a respeito da história política do país. “Eu não me considero herdeira de Prestes”, afirma a descendente direta do líder revolucionário. “Herdeiro dele é todo o povo brasileiro. Nos seus últimos dez anos de vida, ele percorreu todo o Brasil levando suas posições e tentando deixar seu legado”, completa Anita, alertando que seu livro é baseado em fatos documentados. As páginas contam a história dos comunistas e do PCB. “Não dá para falar de Luiz Carlos Prestes sem falar do PCB e também não é possível contar a história do partido sem falar sobre Luiz Carlos Prestes”, diz a historiadora.

O pai dela foi uma das maiores referências da política comunista no Brasil. Engenheiro militar, foi líder da Coluna Prestes, movimento que defendia a ordem social e econômica no Brasil. Tinha prestígio dentro e fora do país; como engenheiro, trabalhou na Argentina, Uruguai, União Soviética e Brasil. Demitiu-se do exército brasileiro por duas vezes e deixou definitivamente a profissão no ano de 1932 por constatar corrupção interna. Membro do PCB durante muitos anos, rompeu com o partido no ano de 1958 após discordâncias entre ele e o comitê central. O revolucionário faleceu no ano de 1990, não fazendo parte de nenhum partido político depois de deixar o PCB.

 

Burguês

Durante a coletiva de imprensa, Anita também aproveitou o tema histórico e político para comentar a atual gestão de Pernambuco pelo governador Eduardo Campos. “Conheço pouco da cena pernambucana, mas me parece que o governador é um político das elites dominantes. Enquanto continuar dessa forma, ele não vai ter como prioridade o interesse dos trabalhadores. Eu acho que é um comportamento burguês”, critica a historiadora, que momentos antes explicou que o interesse dos trabalhadores foi um dos motivos da dissidência entre Prestes e o PCB. “Ele não queria a democracia por si só. Era importante ficar contra a ditadura, como o partido estava, mas ele e seus apoiadores achavam que a luta deveria ver mais adiante. Diferente do comitê central, ele acreditava que a resposta era organizar e conscientizar os trabalhadores de que não valia voltar à democracia simplesmente. Era preciso construir uma democracia que posteriormente se voltasse aos interesses dos trabalhadores”, detalha a autora do livro.

 

Indenização

Pelas torturas realizadas contra seus familiares no primeiro governo de Getúlio Vargas, Anita diz que não recebeu nenhum tipo de compensação do Governo Federal. “Não recebi e nem quero reparações do governo. Recebi compensações da Alemanha por ter ficado com as posses da minha avó judia porque eu era a única herdeira. Daqui, só recebi dinheiro por ter sido condenada e anistiada em 1974; me pagaram a contagem do tempo de serviço que eu poderia ter prestado enquanto estive fora do mercado e mais R$ 100 mil. Eu não podia recusar, então doei tudo para uma institução de câncer porque não me senti bem em receber aquilo”, declarou.

Anita também é presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes (ILCP), que trata da memória histórica e cultural do líder comunista. O evento de lançamento é aberto ao público e acontece nesta terça-feira, a partir das 19h, no auditório do Crea-PE. O Conselho fica na Avenida Agamenon Magalhães, 2978, Espinheiro, Zona Norte do Recife. Na ocasião, a autora pretende debater questões relacionadas ao tema com os visitantes. O livro estará à venda por R$ 20.

 

Fonte – G1

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